quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

A Batalha do Túnel da Mantiqueira

1932

O Grande Túnel em 2010

Foto: Hora de Preservar




Em 10 de julho, os soldados paulistas já estavam na região do Túnel. Parte do efetivo do 5º RI de Lorena, sob o comando do Tenente Melchiades Tavares da Silva ocupou Passa Quatro e dinamitou várias pontes da via férrea, “o que teria causado pânico e alarme a muitas famílias”. Este ato indignou a população local, que não podia protestar, pois, estava completamente isolada, em virtude da retirada dos trilhos da estação férrea pelos paulistas . Inicialmente os 2º, 3º, 4º Regimentos de Exército, duas Seções de Artilharia, 3 batalhões de voluntários e 1 Cia. do Corpo de Bombeiros também se envolveram no processo de ocupação de pontos estratégicos. Neste momento Getúlio Vargas enviou tropas federais, através de Minas, para reprimir os paulistas. As primeiras unidades a chegarem na localidade são o 11º Regimento de Infantaria, vindo de São João Del Rei, sob o comando do Major Herculano Assumpção, o 4º RCD, de Três Corações, e o 10º RI, tendo à frente o Capitão Alexandre Zacarias de Assumpção.

O teatro de operações da Brigada Sul foi a região da Serra da Mantiqueira. Nas cidades de Passa Quatro, Manacá e Túnel existiam estações da Estrada de Ferro Viação Sul Mineira. Nesta época funcionava uma malha ferroviária que ligava diversas cidades mineiras, bem como fazia ponte com cidades paulistas. Para o transporte dos soldados da Força Pública de Minas foram utilizados diversos vagões..

Jésus Ventura de Carvalho, Sargento do 7º Batalhão de Infantaria da Força Pública, foi um dos militares transportados pelos vagões da Sul Mineira. Em suas memórias de campanha, relatou que passando por Passa Quatro, os soldados mineiros, famintos e cansados, receberam de “bondosas senhoras” várias broas e pães. Não foi possível saciar a todos, pois, em poucos minutos partiram para Manacá. Naquela cidade, pernoitaram no interior das composições. Jésus segue relatando que Manacá era um lugarejo que não possuía comércio, e a população havia fugido devido aos conflitos militares. A alimentação da tropa era trazida de Passa Quatro e preparada em uma cozinha de campanha.

Mesmo para quem não conhece de visu o local onde se encontra o Túnel, na Serra da Mantiqueira, não é difícil fazer idéia dos inumeráveis acidentes que o terreno apresenta: picos elevadíssimos de difícil acesso (Gomeira, Gomeirinha, Cristal e Itaguaré, dentre outros), grotas perigosas, verdadeiros abismos para operações de guerra. Era um taquaral horrível, coberto de matas e subidas indescritíveis. O soldado mineiro sofria com a chuva, com o frio, com o ar rarefeito. Ordinariamente, a condução de alimentos e munições era feita em bruacas transportadas por burros . Os soldados das trincheiras eram mal alimentados (geralmente a ração consistia em um pirão com carne cozida), pois, os homens não aguentavam conduzir muitos alimentos - nem sempre os animais tinham acesso a determinados locais.

A queixa dos soldados era sempre a mesma: “o terreno não ajudava”. Algumas trincheiras não possuíam um bom campo de tiro. Neste sentido, os “ângulo mortos” são algumas das dádivas dos terenos acidentados. Se a Serra castigava os soldados, com o clima não era diferente. Além dos resfriados e das gripes, a umidade e a garoa constante interferiam no funcionamento dos armamentos e na qualidade das munições. Afinal, não há pólvora que resista a permanente exposição à umidade. Era preciso vencer os óbices, coordenar a tropa e atuar de maneira eficiente. De uma maneira ou de outra a Serra ditou as regras do jogo.


Em função do terreno e das estratégias adotadas pelo Estado Maior da Brigada Sul, a linha de combate ficou dividida em três sub-setores: 1º) Sub-setor da frente: abrangia toda a frente do Tunel para a direita e esquerda, até as elevações das montanhas; 2º) Sub-setor da direita: compreendia: Fazenda de São Bento, Morro do Cristal-Garupa e Serra do Itaguaré; e 3º) Sub-setor da esquerda: elevações da Fazenda Gomeira e imediações.


As posições paulistas

Os paulistas realizavam uma verdadeira “guerra de trincheiras”; já os mineiros, mesclavam entre as “trincheiras” e a guerra “de movimentos”, esta última mais praticável no terreno já dominado pela Brigada Sul. Em uma “guerra de trincheiras” o soldado permanece noites e dias imobilizado, tendo que responder à fuzilaria adversária e se manter atento e vigilante quanto a possíveis incursões inimigas nas linhas sob sua guarda.




A Serra da Mantiqueira se constituiu uma das principais fortificações paulistas pela importância e posição estratégica - situada acima da boca do Túnel da Mantiqueira. Em forma de T, os paulistas, formavam uma linha quebrada que se estendia por toda a crista da montanha. As trincheiras possuíam um metro e pouco de profundidade, protegidas por trilhos, dormentes e sacos de areia, tinham nas brechas os suportes necessários para a colocação de metralhadoras.

A fortificação paulista era feita de dormentes e trilhos. No centro, o abrigo para a artilharia; ao lado, outro abrigo para o PC. As trincheiras paulistas avançavam morro acima em todas as direções, dominando completamente a Serra da Mantiqueira. Eram ligadas por comunicações subterrâneas, picadas e escadinhas. Os postos avançados eram ligados por completa rede de telefone de campanha. Os paulistas não tiveram dificuldades para locomoção e subsistência. As posições paulistas apresentavam-se guarnecidas de armas automáticas, bem entrincheiradas, entretanto bastante enfraquecidas pela ação do fogo mineiro. O sistema de defesa paulista achava-se disseminado pelas elevações da Serra da Mantiqueira e nas mediações da boca do Túnel existiam diversas peças de artilharia.


Planos de ataque, artilharia e carros de assalto

Os primeiros passos da Brigada Sul, logo que chegou em Manacá, foi o reforço/substituição da tropa federal: 4º RCD e 2º Batalhão do 11º RI, que ali se encontrava a quatro dias. Posteriormente, um pelotão do 7º Batalhão da Força Pública, ocupou a Fazenda São Bento, localizada a dez quilômetros de Manacá. Tal propriedade dava acesso ao Morro do Cristal e em continuação à Serra do Itaguaré, além da boca do Túnel.

O Morro do Cristal, fica a seis quilômetros de terreno acidentado e a 1.750 metros de altitude. Somente após seis dias de exaustivo trabalho, se conseguiu acesso via picadas. Mais tarde ocorreu a ocupação da Garrupa e de outros pontos estratégicos na Serra da Mantiqueira.


Os planos dos mineiros consistiam, em ataques iniciados pela artilharia, daí os soldados de infantaria, abririam fogo de metralhadoras sobre as posições paulistas, ao mesmo tempo em que procuravam avançar e ocupar melhores posições, caso não pudessem tomar as trincheiras de assalto. Durante o fogo da artilharia, os soldados progrediriam, aproveitando-se da “metralisação”. Os combatentes procurariam tirar o melhor partido dos seus fogos, quer da artilharia, quer das armas automáticas, sempre progredindo.

A artilharia mineira ficou a cargo de uma bateria do 10º Regimento de Infantaria e duas peças do 8º R.A.M, de Pouso Alegre. Ressalta-se ainda a participação da seção de carros de assalto sob o comando do 2º Tenente Comissionado Miguel Matuck. Desses carros, dois estavam armados com metralhadoras, e o terceiro com um canhão 37, mantinha fiscalização da estrada que ia da boca do Túnel, fazendo reconhecimento até as proximidades das primeiras trincheiras paulistas.



A morte do Ten Cel Fulgêncio e as granadas paulistas

No dia 30 de julho, após treze dias de confrontos, ocorreu uma ofensiva geral das tropas paulistas, se valeram da artilharia e do fogo intenso de metralhadoras que varriam as posições mineiras. Os disparos ocorriam tanto na frente do Túnel como nos flancos direito e esquerdo - Cristal e Gomeirinha, respectivamente. Foi neste dia fatídico que a Força Pública Mineira sofreu várias baixas perdendo, dentre outros, o Tenente Coronel Fulgêncio de Souza Santos, ferido mortalmente por um projétil. Os tenentes Anastácio Rodrigues de Moura e João Luiz de Freitas também foram vítimas letais da explosão de uma granada de mão. Na frente do Túnel várias praças foram mortas e feridas em virtude de explosões de granadas que caiam no interior das trincheiras.

O raio de ação da “granada defensiva” fabricada por São Paulo é de cerca de 50 metros. Tal artefato é cópia da granada inglesa “Mills”. Em São Paulo, eram carregadas com nitrato de amônio e alumínio metálico (posteriormente substituídos por trotil). Para ser lançada à mão era um pouco pesada (700 gramas), já o lançador, a arremessava a uma distância de 20 a 24 metros. Na modalidade de lançamento por fuzil, utilizava-se o bocal-sabre, também uma invenção paulista. Com este mecanismo a granada atingia a distância de 80 a 100 metros. Ao explodir fragmentava-se em 44 estilhaços[21]. Ressalta-se que quando ocorre uma explosão, seja ela de uma granada ou de qualquer outro artefato, nem sempre são os fragmentos que causam as lesões ou óbitos. As ondas de choque, produzidas pelo escape súbito e repentido de gases do interior de um espaço limitado, são responsáveis por rompimento de tímpanos e órgãos internos.

A queda do Túnel

Durante mais de dois meses os soldados da Serra da Mantiqueira foram submetidos à dureza natural da Campanha que se traduziu: nas explosões de granadas e nas rajadas de metralhadoras - que cortavam as árvores finas; nas peculiaridades das trincheiras; nos desmoronamentos de abrigos e tocas em virtude das chuvas; na mistura entre o suor (fruto das atividades mecânicas e da ansiedade) e a garoa úmida e gelada que molhava os corpos dos combatentes; nas altas altitudes e consequente ar rarefeito; nas dificuldades de transposição do terreno com seus morros, grotas e picos; na falta de água e na alimentação deficiente (que deixava o militar “bambo de fome”[27]); por fim, nas patrulhas de exploração/ reconhecimento e no serviço de vigilância de estradas. A despeito das duras exigências poucos foram aqueles que desertaram.

Nos dias finais do confronto na Serra, os sub-setores avançavam: Gomeira, no flanco esquerdo, Garupa, no flanco direito e na frente do Túnel. Em Itagaré as tropas mineiras vinham conquistando terreno, palmo a palmo, à bala e à baioneta. O objetivo de sua conquista residia no fato de envolver os paulistas cortando-lhes a comunicação com Cruzeiro. Em todas as ofensivas os oficiais e sargentos estavam lado a lado com seus comandados, “convencendo pelas palavras e arrastando pelos exemplos”.

Na noite do dia 12 para 13 de setembro as sentinelas das posições dos flancos informaram que, na retarguarda do Túnel havia grande movimentação de tropas e composições. Às primeiras horas do dia o Comandante Lery foi informado que os paulista haviam se retirado utilizando composições e caminhões. Os últimos paulistas deixaram o Túnel abandonando veículos, munição, granadas e grande quantidade de outros objetos[28]. Após o avanço e conquista de Cruzeiro estavam encerradas as operações na região do Túnel.

Com a queda do Túnel, a Brigada Lery recebeu determinações para operar no Setor Centro, onde a Brigada Amaral reclamava reforços. Pouco tempo depois, 29 de setembro, ocorreu definitivamente a deposição das armas paulistas. Terminada a Revolução Constitucionalista, seus principais chefes civis e militares foram exilados para Lisboa.

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

NA E.F. DOM PEDRO II, POR CARL VON KOSERITZ

Foto: Hora de Preservar

E.F.Dom Pedro II atual E.F. Central do Brasil sob concessão da MRS Logística trecho: Cachoeira Paulista - Cruzeiro-SP



Ontem de manhã, pelas 4 horas, descemos de Santa Tereza para tomar o Trem Expresso de São Paulo, que parte às 5 da Estação Central, no Campo de Sant"tanna. descemos a romântica ladeira de Monte Alegre e vimos, o casario brilhando entre os inumeráveis bicos de gás.
Com a aurora,a grande estação se encheu de vida. Jornais eram oferecidos a preços maiores, vendedores de bilhetes nos perseguiam até a partida do trem. E também os engraxates... Centenas de passageiros ocupavam as plataformas...com suas mantas de viagens pardas, véus brancos sobre os chapéus, valises de mãoe bolsas de viagem...
Fora-nos reservados lugares amplos e cômodos em um carro de 1ª classe, e ali foram colocadas nossas bagagens,assim como um cesto com com o almoço,pois este é um cuidado que os passageiros não devem esquecer. Não há restaurantes na estrada de ferro Dom Pedro II e quem não levar o que comer arrisca-se a ficar com fome ou a comer mal por um preço caríssimo no caminho.
Os carros no sistema americano,com um longo corredor no meio, tendo à nossa disposição uma pequena mesa de parede que se pode baixar...
Em são Cristovão, na beira da estrada, vê-se uma elegante construção em estilo suíço: é a Estação Privativa do Imperador...
Passamos cinco cinco ou seis pequenas estações de suburbio ;diante de lindas"villas",maravilhosos jardins e encantadores chalés,voa o trem cada vez mais depressa,cortando os suburbios da grande cidade que se estende por muitas milhas.
Uma deliciosa frescura matinal permitia-nos gozar a viagem e, assim, a despedida do Rio foi-nos insensível... Aproximamo-nos rapidamente da serra.Já se atravessam muitos cortes no meiodas pedras; granito por todo os lados. É uma região romântica e selvagem,mas completamente solitária, pois não se vê gado nem casas...Lá embaixo, no vale, se acham umas 40 casas de uma colônia italiana, pintadas de branco...
O resfolegar forte da locomotiva e a escuridão anunciam o primeiro túnel. Mais um instante e estamos sepultados na treva, mas somente por um minuto... e assim prosseguimos numa permanente mutação de cenários,de túnel a túnel...são, ao todo, 17.
Depois de mais um túnel, lá está o grande vale do paraíba...Barra do Piraí...é uma paisagem como mais bela não se pode imaginar.
Mas o homem não vive só de poesia, devemos cuidar de nosso almoço,enquant o tremroda sempre a beira do magestoso Paraíba...com suas montanhas cobertas de cafezais, com seus rios lindos e seu fundo cercado por montanhas escuras...
Adiante ,Volta Redonda, depois Barra Mansa, uma cidadezinha com uma grande estação e bonitas casas. Bem junto à estação, vê-se um magnífico jardim de gosto fracês. Aquí moram as pessoas ricas do rio. São 9 horas e um quarto e cobrimos 154 km.
Em Pombal, o trem pára por dois minutos.Depois, a estação de Divisa, onde há uma colônia italiana. Em seguida, nos achamos sobre a grande ponte sobre oParaíba e passamos á provincia de Minas, que em breve deixaremos por outra ponte.
Passamos em seguida pela estação de Surubí e às 10 horas, paramos em Resende,no km 191. Seguem-se Itatiaia e Boa Vista, todas estações com seus armazens repletos de sacas de café. A linha cruza, em Cachoeira, o rio pela terceira vez. Lá os passageiros para São Paulos saltam e baldeiam para o trem da Estrada de Ferro do Norte de São Paulo.
Cachoeira é uma boa cidade, já com visível caráter paulista. Sobre a colina há um hotel no qual os passageiros que não trouxeram provisões amoçam habitualmente, mas como devem tomar seus lugares e se ocupar das bagagens, é frequente deixarem o almoço em meio.
A poeira de São Paulo não é mais agradável do que a de Minas ou do Rio, mas parece mais abundante. Poeira e suor são duas coisas que se entendem bem,mas cuja reunião não é muito agradável para aquele que a experimenta.
Lorena é uma cidade bonita, com uma bela igreja. Um quarto de hora depois estavamos em Guaratinguetá, grande e bonita, com duas igrejas, elegantes casas e bem cuidados jardins. Depois de Barra Mansa, é a mais bonita localidade em 294 km de percurso.Poucos minutos depois, estamos em Aparecida, com a velha igrejae um convento também velho.
Passada a pequena Roseira, chegamos a Pindamonhangaba, depois Taubaté e Caçapava. A pequena estação de são José não oferece nada de notável. Às 3h40 chegamos à estação de jacareí ,grande e bonita cidade, com uma pequena estação mas muito animada.
Já nos aproximávamos do rio Tietê e a zona ficava de novo montanhosa. Alcançamos Guararema,depois Mogi das Cruzes, completando 450 km. Encantadora,com suas três igrejas, Mogi, com suas trepadeiras rosa, lembra Santa Catarina.
São 6 horas e o trem apita: chegamos a São Paulo. O sol já tomba por detrás das colinas e o horizonte se ilumina com o crepúsculo.
Logo o trem entra na grande Estação do Norte. Entreguei as bagagens a um carregador numerado.Estamos na poética cidade de São Paulo.

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Sistema ferroviário no país do PT ...

Eis aquí uma pequena amostra da situação de nossas ferrovias ,nesse caso a Rio and Minas Railway que liga a cidade de Cruzeiro-SP à Três Corações em MG
E o Trem bala da Dilma e do PT? Cadê?


Foto Hora de Preservar
Foto Hora de Preservar

Foto: Hora de Preservar



Capacete da revolução de 1932

Capacete modelo francês utilizado pelas tropas paulistas.
Foto:Hora de Preservar
Foto: Hora de Preservar


Foto: Hora de Preservar

Foto: Hora de Preservar



Foto Hora de Preservar





CACHOEIRA PAULISTA: RESTAURAÇÃO DE CASA ANTIGA

Déc. de 80
Foto: internet

Fachada atualmente restaurada

Foto: Hora de Preservar

Interior original

Foto:Hora de preservar

Porta de pinho de riga e ladrílhos hidraulicos portugueses
Foto: Hora de Preservar



sábado, 4 de dezembro de 2010

RESTAURAÇÃO DA ESTAÇÃO CEL.FULGÊNCIO

A estação durante a revolução de 32 (Foto: Internet)

Durante a revolução de 1932 ainda funcionava o girador (Foto: Internet)



Hoje o isso é tudo o que resta do girador (Foto: Hora de Preservar)

(Foto: Hora de preservar)





(Foto:internet)

A estação em total abandono (foto:Internet)




A estação hoje (2010) restaurada e em funcionamento.
Prova de que quando há vontade,dá para fazer!! (Foto: Hora de Preservar)